Papéis para Desenho Realista – Charles Laveso

E aí, tudo bem? Seja bem vindo a mais um vídeo aqui no nosso canal do youtube Hoje eu quero falar sobre papéis para desenhos realistas, quais eu indico, quais eu uso, as diferenças marcantes entre um e outro, falar sobre gramatura, sobre porosidade dos papéis, lápis, como eles reagem em cada um desses tipos de papéis, enfim, muita coisa interessante para você que se interessa por esse tema do desenho realista

Desde já, peço que você deixe o seu like, se inscreva no nosso canal, que semanalmente a gente tem vídeo novo aqui pra te oferecer, com um conteúdo relevante para aumentar e aprofundar ainda mais o seu conhecimento desse tema tão interessante Vamos que vamos! [Música] Bom, ao longo da minha trajetória no desenho realista, eu usei diversos tipos de papéis e sempre procurei experimentar a textura de cada um, e ver como que cada papel reagia no trabalho à grafite que eu queria desenvolver Eu sempre foquei o meu trabalho no desenho realista feito a lápis, o lápis grafite, até porque eu tenho um pouco de dificuldade com cores, por causa da daltonia, eu sou um pouco daltônico, então por isso eu foquei no grafite E o grafite ele tem tanto as graduações mais duras e mais claras, como as mais escuras e mais macias, e elas reagem de forma diferente, de acordo com cada tipo de papel, de acordo com cada textura que o papel apresenta, não só a textura, mas também a gramatura do papel Quando eu falo em gramatura, eu estou falando de peso do papel por metro quadrado, que consequentemente resulta na espessura do papel, ou seja, quanto mais grosso o papel, mais ele vai pesar por metro quadrado

Então é isso que define a gramatura do papel, o peso por metro quadrado Você vai ver, anotado no canto do bloco, quanto que o papel pesa por metro quadrado, e quanto maior esse número, mais grosso é o papel, a espessura dele realmente é mais grossa E o que muda de um papel mais fino, para um papel mais grosso, quando você vai fazer um desenho grafite, sem falar de porosidade, vamos falar só de espessura do papel Eu, particularmente, quando comecei a desenhar, comecei no papel sulfite, aqueles que você usa na impressora Ele tem a gramatura de 75 gramas por metro quadrado, então é bem fininho (o papel de impressora, o papel que a gente usa no dia a dia), então eu comecei a desenhar nele

É legal, só que por ele ser muito fino, quando eu usava camadas mais escuras de grafite, ou quando eu saturava o papel, de tanto passar o grafite pra chegar na tonalidade que eu queria, ele começava a ficar ondulado, e aí não ficava legal, enfim, não ficava bacana, eu sentia que ele era muito frágil para suportar a quantidade de passadas de lápis que eu tinha que utilizar para chegar na tonalidade que eu queria E aí eu fui mudando Fui para a cartolina, papel Canson Escolar, esse papel eu usei durante muito tempo, ele tem gramatura de 140, ou seja quase o dobro do papel sulfite, mas a diferença é que o papel sulfite é mais liso, a textura dele é mais lisa, não é tão porosa O papel Canson já é bem poroso, e eu percebi que o verso do papel Canson é um pouco menos poroso, e aí eu comecei a me adaptar a usar o verso do papel Canson Depois eu comecei a utilizar papel Vergê, o papel Filipaper, se eu não me engano, papel Mi-teintes, a frente e o verso dele, enfim, eu comecei a experimentar vários tipos de papéis

E quando eu falo experimentar, não era necessariamente fazer um desenho inteiro, para depois chegar a conclusão se o desenho estava bom ou não Experimentar, para mim, consistia em passar o lápis um pouco naquele determinado papel, então, por exemplo, pegava uma folha e passava o lápis ali, espalhava o grafite com o dedo, espalhava o grafite com papel higiênico, espalhava o grafite com um pincel, com o esfuminho, e via como que reagiria o lápis naquele papel E aí eu testava vários tipos de lápis, desde o H, até o 6B Então eu ia experimentando e vendo os lápis que ficava mais escuro, os lápis que ficava mais poroso, os que ficavam menos escuro e menos poroso também Assim eu ia xperimentando e sobrepondo uma tonalidade à outra, para ver se chegava na tonalidade que eu queria, ou seja, era um experimento mesmo

Assim eu ia escolhendo o papel, ou me adaptando à forma daquele papel, de acordo com aquela experiência que eu tinha utilizando o lápis Então, quando eu percebia que determinado tipo de papel é melhor trabalhar com lápis mais duro e depois vinha acentuando com um lápis mais macio, eu fazia isso na hora de fazer o retrato Existia papéis que eu já tinha que começar com um lápis mais macio, porque se eu passasse o mais claro e mais duro, ele ia ficar muito claro e não ia dar o resultado que eu queria, então eu ia testando para poder desenhar E os anos passaram, fui usando vários tipos de papéis, e eu me lembro que uma vez eu comecei a usar Fabriano 5, e eu gostei bastante daquele papel, apesar da gramatura dele ser bem grossa, era de 300, ou seja, era mais do que o dobro do papel Canson que eu estava acostumado a usar, ele era até duro, e eu comecei a usar e gostar desse papel, até que chegou um dia que eu não achava mais no mercado Eu ia nas papelarias, na internet e tudo, e não encontrava mais desses papéis, desse papel, precisamente

Foi quando uma loja me ofereceu uma amostra do papel Fabriano 4L, falou: ó, a gente tem esse, você quer experimentar? Eu peguei e a primeira impressão não foi legal, eu achei que não espalhou bem o grafite, eu passeio lápis, papel higiênico eu achei que ele não espalhou legal Mas mesmo assim eu fui insistindo e eu fui percebendo (olha só a diferença de um papel para outro), que no papel Canson eu passava um pouquinho o lápis e já passava um papel higiênico e ele já espalhava facilmente O papel Fabriano, eu comecei a perceber, que era só na segunda ou terceira passada de lápis, ou camada de lápis, que eu conseguia esfumar ele com uma qualidade mais homogênea Então eu percebi que não adiantava eu fazer só um pouco de traços com o lápis e já querer esfumar, eu tinha que preencher mais com o grafite, para depois esfumar, ou seja, uma forma diferente de trabalhar, mas que dava um resultado mais legal do que no papel Canson, porque o papel Canson era muito poroso, e o papel Fabriano era mais liso, diferente do Fabriano 5, porque o Fabriano 5 era ainda mais liso que o Fabriano 4, e ele espalhava bem, acho que, talvez, pela espessura dele, eu não sei, eu sei que espalhava com muita facilidade, eu gostava Só que eu sentia dificuldade de fazer tons escuros nele, porque ele levantava umas, como se fosse umas escamas, como se estivesse descascando, Então eu tinha que trabalhar com muito cuidado em áreas escuras

Então, cada papel tem o lado bom, aquilo que te oferece mais praticidade e facilita você alcançar um resultado mais fácil, e por outro lado ele, às vezes, tem alguns pontos negativos, como esse que eu estou dizendo, ele é mais grosso, e espalhavam bem, só que na hora de fazer o escuro, tinha dificuldade Então eu fui me adaptando, até que eu fiquei, durante muito tempo, desenhando no Fabriano 4L e eu não queria saber mais de outro, porque eu gostava dos resultados dos meus trabalhos naquele papel, apesar da dificuldade de achar em quantidade nas lojas, e quando eu achava, já comprava um monte, para já ficar um bom tempo com o papel em estoque e eu continuar trabalhando Mas depois, com a internet, várias lojas oferecendo, enfim toda essa oferta e procura, começou a facilitar o encontro desses papéis, e hoje eu trabalho muito com esse Fabriano 4L, porque eu tenho bastante estocado Só que eu comecei a experimentar outros também, como o Lana Bristol, como outros da Hahnemuhle, como o Nostalgie, como o Bristol, propriamente, da Hahnemuhle também, o próprio Lana, hoje ele é da marca Hahnemuhle também, é um papel mais acetinado, um papel mais liso, mas se você souber adaptar para trabalhar nele, você consegue também resultados excelentes O que acontece quando o papel é mais liso; quando você tem aquela camada acetinada no papel, que o torna mais liso a sua característica, você tem que trabalhar com lápis mais escuros, mais macios, como no caso da lapiseira 0

5 com grafite 4B, como o lápis 5B, 6B, às vezes até o 7B Então, você vai trabalhando com tons mais escuros e esfumando com o pincel Esse caminho para trabalhar nos papéis mais lisos, como o Lana Bristol, é muito fácil de alcançar resultados expressivos no desenho; que é o lápis mais macio, o pincel e papel higiênico e a canetinha borracha você consegue fazer misérias nesse tipo de papel Então é só saber se adaptar a ele Só que quando você adquire já uma certa experiência no desenho, ou seja, quando o desenho não está necessariamente ligado à qualidade do papel ou à qualidade do lápis, mas ele está ligado, mais precisamente, a uma compreensão que você já adquiriu daquilo que você quer alcançar com o material que você tem, você encontra caminhos de desenhar em qualquer lugar e alcançar resultados bons

Então a experiência, que é resultado desses testes em outros papéis e tudo mais, ela não é necessariamente, fruto de você usar vários papéis, mas é fruto de você entender como que cada material reage em cada material, no caso o lápis no papel, como ele reage E quando você entende isso, você manipula o uso do lápis, de acordo com a textura do papel que você tem diante de você para alcançar o resultado Eu vou dar um exemplo disso; Lembra que eu falei que lá no início do vídeo que o desenho feito no papel sulfite, saturava e ficava todo ondulado? Agora, já com técnica, 20 anos depois (não que você precisa demorar 20 anos para alcançar uma técnica), mas hoje, a minha forma de trabalhar é muito consciente, acerca do que eu preciso fazer e de como que o material reage em cada papel, e com isso, eu busco caminhos para alcançar resultados, sem danificar o papel, sem saturar, sem ondular Então, por exemplo, eu fiz esse desenho em papel sulfite, um desenho realista, como você vê, com poros na pele e tudo mais, e partes bastante escuras, e não oundulou, o papel está intacto Depois passei o fixador, o verniz fixador fosco, é um papel fino de 75 gramas, e uma qualidade igual à do papel Fabriano (a qualidade que eu me refiro, do desenho)

Porque não é o papel, não é o lápis, é a forma como você compreende e o hábito de desenhar constantemente e sistematicamente, é o que vai te trazer experiência Você deve desenhar muito mais pelo prazer de desenhar, do que pelo pela expectativa do resultado que você quer alcançar, ou do elogio das pessoas, ou do reconhecimento em redes sociais, você tem que desenhar por desenhar, você tem que desenhar pelo prazer de desenhar, você tem que desenhar porque você sabe que aquilo é um prazer, independente do resultado, porque é uma descoberta a cada processo, a cada experiência com um novo material, e como eu sempre digo; quem desenha, desenha até em papel de pão! Se você gostou desse vídeo, deixa o seu like, se inscreva no nosso canal e semanalmente a gente está postando conteúdo novo, valeu! [Música]


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